sexta-feira, 13 de agosto de 2010

SOBREVIVÊNCIA NA NOITE

Já faz algum tempo que eu penso em dividir algo com vocês. Acho justo com quem acompanha meu trabalho, e também necessário com quem não o conhece bem. Sempre vejo DJs brigando por causa de datas, horário no line up, músicas (as tais "privates"), e fazendo o possível e o impossível para prejudicarem e puxarem o tapete de alguns colegas. Sem contar as fofocas, intrigas e falsidades que já viraram clichês. vale tudo para vender seu peixe. Nessas horas o marketing fala mais alto (mas isso é assunto pra outra conversa).

Ora, a "profissão DJ" está longe de oferecer estabilidade financeira. Ainda mais hoje em dia, em que os contratantes, e o próprio público, cada vez mais optam por DJs/corpo, e não DJs/talento. Não dá pra ter perspectiva de futuro numa profissão que ainda sequer é uma profissão na prática.

A luta pela sobrevivência faz o ser humano extrapolar o limite da ética e esquecer o bom senso. A fama repentina e o misterioso "prazer em cuidar da vida dos outros", também contribuem para essas falhas de caráter. Resultado: as brigas e intrigas que já descrevi.

Certa vez me criticaram duramente por um comentário que fiz. Eu disse que não me envolvia nessas confusões por já ser formado em uma universidade, e ter um trabalho fixo e estável fora das baladas. Ou seja, nada de me preocupar em puxar o tapete de ninguém, e nada de perder tempo fazendo média e puxando o saco das pessoas. Falta de amor à música? Estaria eu sobrando, devendo abrir espaço pra quem gosta do que faz? Foram as questões que ouvi...

A música sempre fez parte da minha vida desde criança, quando ia com meu pai na rádio em que ele trabalhava, ainda com uns 6 anos, e ficava mais na discoteca do que no estúdio. Mais tarde, quando ganhei um aparelho de som "3 em 1", apertava ao mesmo tempo a função CD e a LP, e soltava um CD e um vinil a mesmo tempo (corrigindo o pitch do LP com o dedo mesmo).

Amo a música incondicionalmente. Amo ser DJ, e ter a sensação de levar alegria à pista. Sempre tive isso como meu único compromisso profissional, e não ganhar dinheiro nem ser famoso. Minha principal preocupação é com o público. Por isso escolhi não me envolver em nenhuma dessas briguinhas infantis, nem perder meu tempo com inveja, falsidade, nada disso.

Seria bom se, durante seu set, cada DJ se preocupasse em dividir com a pista sua história com a música. É o que eu busco fazer, compartilhar com as pessoas a magia que a música me proporciona. Se a pista de dança estiver feliz, dançando e satisfeita, então aí está minha finalidade como DJ.